quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Resenha do filme: Histórias Cruzadas (2012)


O filme Histórias Cruzadas relata a situação das empregadas domésticas negras nos Estados Unidos, na segunda metade do Século XX (década de 60). O país passava por uma luta acirrada pelos direitos civis dos negros. Martin Luther King, pastor batista, destaca-se como líder ativista dos movimentos negros. Em Jackon, pequena cidade do estado de Mississipi, Sul do país, empregadas domésticas negras se submetem a trabalhos nas casas de famílias da elite estadunidense. São maltratadas, humilhadas e, por motivos banais, dispensadas de seus empregos. Dentre os trabalhos realizados pelas negras está o de cuidar das crianças brancas, filhos de seus patrões. 
Quando as mesmas, por alguma razão saem de seus serviços, as crianças e elas sofrem muito, pois os vínculos afetivos criados entre as mesmas são rompidas de forma desumana. Uma jovem branca, que passou por este trauma, resolve registrar as histórias das mulheres negras em um livro, e para tal inicia uma luta para colher depoimentos das mesmas, afinal, elas temem serem descobertas. O livro acaba sendo publicado com nomes fictícios e se torna um instrumento de protesto das humilhações sofridas pelas mulheres negras da época. 
A justificativa de Skeeter (a jovem branca) para se aproximar das empregadas negras, o fato de ter sido retirada abruptamente de sua “mãe negra”, deixa no ar certa inverossimilhança. Acredito que para que a história ficasse mais convincente seria necessário que, além da dificuldade em convencer as mulheres a deporem, a jovem fosse criticada severamente pela sociedade branca, da qual fazia parte. 
O filme (2012, ano de lançamento) se diferencia de outros pelo enfoque dado à questão etnicorracial dos negros nos EUA, principalmente em relação à transferência dos deveres maternais às mulheres negras pelas brancas e aos laços criados entre “mães negras” e “filhos brancos”, mostrando que crianças são bem diferentes de adultos, pois não veem a aparência, no caso, a cor da pele, mas o afeto e o carinho com que são tratadas. Vale a pena assistir. É um drama que nos cativa do início ao fim. 
Autora: Tamar Naline Shumiski. 

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