O filme Histórias Cruzadas relata
a situação das empregadas domésticas negras nos Estados Unidos, na segunda
metade do Século XX (década de 60). O país passava por uma luta acirrada pelos
direitos civis dos negros. Martin Luther King, pastor batista, destaca-se como
líder ativista dos movimentos negros. Em Jackon, pequena cidade do estado de Mississipi,
Sul do país, empregadas domésticas negras se submetem a trabalhos nas casas de
famílias da elite estadunidense. São maltratadas, humilhadas e, por motivos
banais, dispensadas de seus empregos. Dentre os trabalhos realizados pelas
negras está o de cuidar das crianças brancas, filhos de seus patrões.
Quando as
mesmas, por alguma razão saem de seus serviços, as crianças e elas sofrem
muito, pois os vínculos afetivos criados entre as mesmas são rompidas de forma
desumana. Uma jovem branca, que passou por este trauma, resolve registrar as
histórias das mulheres negras em um livro, e para tal inicia uma luta para
colher depoimentos das mesmas, afinal, elas temem serem descobertas. O livro
acaba sendo publicado com nomes fictícios e se torna um instrumento de protesto
das humilhações sofridas pelas mulheres negras da época.
A justificativa de
Skeeter (a jovem branca) para se aproximar das empregadas negras, o fato de ter
sido retirada abruptamente de sua “mãe negra”, deixa no ar certa
inverossimilhança. Acredito que para que a história ficasse mais convincente
seria necessário que, além da dificuldade em convencer as mulheres a deporem, a
jovem fosse criticada severamente pela sociedade branca, da qual fazia parte.
O
filme (2012, ano de lançamento) se diferencia de outros pelo enfoque dado à
questão etnicorracial dos negros nos EUA, principalmente em relação à
transferência dos deveres maternais às mulheres negras pelas brancas e aos
laços criados entre “mães negras” e “filhos brancos”, mostrando que crianças
são bem diferentes de adultos, pois não veem a aparência, no caso, a cor da
pele, mas o afeto e o carinho com que são tratadas. Vale a pena assistir. É um drama que nos cativa do início ao fim.
Autora: Tamar Naline Shumiski.
Autora: Tamar Naline Shumiski.
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