A leitura de textos literários tem objetivos múltiplos no desenvolvimento da aprendizagem de crianças e adolescentes e na forma como interfere em seu psicológico, ou seja, em suas emoções e sentimentos.
O autor do livro A psicanálise dos contos de fadas, Bruno Bettlheim, explica como, principalmente os contos de fadas, por meio de sua trama e do desempenho de seus personagens, simbolizam pessoas próximas das crianças, seus comportamentos em relação a elas, situações vividas por elas, ajudando-as a compreender seus temores e angústias e a libertarem-se deles.
Quando era adolescente, li um livro chamado David Copperfield, do famoso escritor inglês Charles Dickens, que muito interferiu em minhas emoções e sentimentos, pois, quando o autor tratava da infância sofrida de um menino órfão, que cedo foge de casa e passa a ser duramente explorado em fábricas do século XIX, via minha própria condição de criança pobre, moradora de um cortiço, que trabalhava muito nos serviços caseiros, dentre outros, e vivia sob o domínio de uma mãe ao mesmo tempo amorosa e autoritária. Quem sabe na fuga do menino Copperfield eu não enxergava uma possibilidade de libertação também.
Já se tornou chavão dizer que quem lê viaja, porém isso realmente acontece, não apenas uma viagem a outros mundos, outras culturas, mas também ao nosso mundo interior, às nossas lembranças, ao nosso inconsciente, às nossas recordações mais distantes e profundas. Daí mais um motivo para que professores e pais leiam e incentivem seus filhos a fazê-los: entrar nesse processo de catarse libertadora dos monstros da alma.
Tamar Naline Shumiski
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