domingo, 15 de fevereiro de 2009

O sorriso de Monalisa x Sociedade dos Poetas Mortos e transgressão de normas




O Sorriso de Monalisa X Sociedade dos Poetas Mortos - Intertextualidade

Navegando pela Internet, encontrei esta análise do filme O Sorriso de Monalisa, fazendo intertextualidade com o filme Sociedade dos poetas mortos. Achei interessante a comparação, porém discordo que seja um filme cheio de defeitos. Além da crítica ferrenha às imposições da sociedade elitista da época (década de 60) nos EUA, vemos a coragem de uma professora de História da Arte ao enfrentar o currículo tradicional de uma instituição de ensino norte-americana conservadora. O currículo formal é criticado e os currículos em ação e o oculto são evidenciados, transformando o filme em um instrumento de ilustração da forma como as instituições planejavam o ensino em outros tempos e até mesmo hoje. Além disso, a professora, como formadora de opinião, ensina suas alunas a não apenas reproduzirem o conhecimento, mas a tornarem-se produtoras do mesmo, através da busca de releituras de obras de arte e das regras da vida.

http://obscenum.blogspot.com/2004/10/o-sorriso-de-monalisa-impossvel-no.html


Impossível não comparar O Sorriso de Monalisa, com Sociedade dos Poetas Mortos (Dead Poets Society, EUA, 1989/Dir. Peter Weir) Tudo ali se equivale, invertendo, naturalmente, a equação: de colégio de rapazes, para colégio de moças. As semelhanças, infelizmente, vão muito além da coincidência, e alguns clichês se repetem abusivamente, fazendo com que O Sorriso, pareça um plágio-de-sexo-oposto de Sociedade. Não bastassem os pontos em comum entre os dois filmes (um colégio de normas rígidas, tradicionais, seculares e pudicas, um professor de humanas tentando libertar a mente de seus alunos formatados para os padrões da sociedade vigente, o preconceito sofrido no seio do corpo docente, as ameaças veladas por serem ?modernos? demais, o enredo ambientado em meados do Século XX, o desejo de alguns alunos em não se renderem ao sistema, a alienação de outros que não se vêem fora dele, o desfecho com a homenagem dos alunos para com o professor e outras semelhanças menos óbvias), ainda há, em O Sorriso de Monalisa uma seqüência tão parecida, que chega a se constrangedor, em que uma garota tímida e retraída invade atrevidamente o colégio de rapazes para declarar seu amor a um aluno; o inverso da cena original de Sociedade, em que um rapaz com as mesmas características, faz o mesmo num colégio de moças, ambos mais ou menos inspirados por seus professores (ela, pela professora de História da Arte; ele pelo seu professor de Literatura). Entretanto, a despeito das semelhanças, aparentemente, nada casuais, O Sorriso não tem o mesmo brilho e vigor que Sociedade. Seu enredo e narrativa não inova nada, não acrescenta nada. Nem emociona, nem inspira, nem conclui muita coisa, ao contrário de Sociedade. Nem Júlia Roberts salva o filme, apesar de seu carisma, sorriso e esforço. O filme não se define tematicamente e não se foca narrativamente. E essa breve amplitude narrativa não constrói uma unidade que cause identificação suficiente no expectador. Não chega a ser um filme de todo ruim, especialmente para quem ainda não viu Sociedade (falha que deve ser corrigida o mais rapidamente possível). Apesar de todos defeitos, o filme possui duas passagens, breves, que me ganharam a simpatia. Dois únicos instantes em que o filme se mostra superior a Sociedade. No primeiro, ao desconstruir, através de um diálogo e da postura de uma personagem, o maniqueísmo simplista que tanto ele vinha trazendo, como Sociedade o trás também, mostrando que liberdade de pensamento e opções é também a possibilidade de se optar por aquilo que é o padrão, seja esse padrão alienado ou alienante, embora algumas vezes nem tanto. No segundo momento, uma cena clichê cujo desfecho poderia ser facilmente um tapa na cara, se torna uma cena tocante de compreensão, humanidade e empatia. Mas também é só. Na dúvida, assista Sociedade dos Poetas Mortos, muito superior.
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O Sorriso de Monalisa (Mona Lisa's Smile, EUA, 2003). Dir. Mike Newell.
Duração 117 minutos.

Um comentário:

Patrícia e Letícia disse...

Olá Tamar!!! Parabéns por ter encontrado e nos proporcionado a leitura dessa matéria sobre intertextualidade. Também discordo que o filme "O Sorriso de Monalisa" seja de todo ruim é que "Sociedade dos Poetas Mortos" provoca um sentimento mais profundo.
Um abraço. Letícia Targa