sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

FILME: A LÍNGUA DAS MARIPOSAS

Analisando o filme A língua das mariposas, pude perceber o quanto é difícil para uma criança o primeiro contato com a escola: ela sente-se insegura, não compreende a dinâmica do ambiente escolar e pode ter representações pré-concebidas equivocadas dos adultos. É o que acontece com o garoto Moncho no filme citado. Só a possibilidade de ser enviado à escola, o faz pensar em fugir daquele ambiente, alegando que irá apanhar do professor. Com certeza, já havia tido notícias disto, porém, depois que conhece o professor, percebe que o mesmo é diferente: amigo, humano, caloroso, paciente, trata os alunos com respeito e realiza um trabalho diversificado, incentivando a leitura, a pesquisa e a construção do conhecimento.
O filme nos mostra Don Gregório, o professor, como uma figura impar dentro do contexto educacional da época retratada (o filme se passa no período anterior a Guerra Civil Espanhola). A atitude do educador contrasta com posicionamentos mais fortes e autoritários dos demais professores da época, tanto no relacionamento com os alunos, quanto na metodologia adotada por ele, de pesquisa em campo para que as crianças realmente aprendam.


Os temas currículo, conhecimento, escola e infância são perceptíveis na história, uma vez que se trata da inserção das crianças no ambiente escolar da época, suas impressões e seus temores; como aquele professor tratava seus alunos e, diante do medo do menino de ir á escola, podemos presumir como outros o faziam; os conteúdos do currículo (no caso do filme, Ciências Naturais) eram significativos para as crianças, que saíam pelos campos com o professor caçando borboletas (mariposas), onde recebiam ensinamentos sobre a função da língua das mariposas no processo de sucção do néctar das flores, além das explicações de como eram as línguas desses insetos.
Mais que teorias, o professor ensina a seus alunos novas posturas perante o mundo, onde as pessoas devem se respeitar, ter sensibilidade e jamais abandonar seus ideais, uma vez que ele próprio se envolveu com os ideais da Guerra Civil Espanhola e a ditadura fascista, apesar de sua idade e da traição de seus próprios amigos. Estes ensinamentos também devem compor o currículo escolar, a fim de levar os alunos ao exercício da cidadania.
Quanto à metodologia adotada por Don Gregório, do diálogo, do ouvir os alunos, da proximidade existente entre ele e as crianças, muitas vezes até poderia significar indisciplina e falta de autoridade, mas, ao contrário disso, levava os alunos à conscientização e ao respeito, fatores fundamentais no processo de aquisição do conhecimento. Ainda hoje, aulas que parecem tumultuadas, muitas vezes, são momentos de construção do conhecimento, onde ocorre a troca de experiências, o diálogo e o aprendizado.
UM FILME IMPERDÍVEL!!! TODO EDUCADOR PRECISA CONHECER!!!

2 comentários:

Helton R. Real disse...

Ótima análise!
Vou recomendar para minhas alunas de pedagogia!
obrigado

Anônimo disse...

Achei interessante o seu texto, é importante notar que, apesar do período, onde a rigidez se fazia presente, Gregorio tinha um concepção construtivista, o que é notório no filme, onde percebemos a relação horizontal e de mão dupla entre professor e aluno. Obrigado pela produção do texto.